Srta. Mily
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
E não é o máximo quando somos a prioridade de alguém?
Num mundo onde há tanto egocentrismo, tanto egoísmo, tanto ego - ser a prioridade. Priori.
Tanto ladrão de tempo. Tanta gente carente, querendo atenção. Priori.
Não é incrível?
Ser o primeiro a ser acionado, lembrado, considerado. Estar no topo das listinhas de to do, with who.
Nada é tão satisfatório e dá tanto a sensação de importância. Conforta o coração e dá a sensação de companhia, de união, de mãos dadas.
Não é o máximo quando somos a prioridade de alguém?
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
Máscaras
Não é real. Essa expressão não
é real. Esse sorriso não é real. Essa pose, pernas cruzadas, olhar arrogante.
Este queixo lá em cima é só um disfarce. Um dia me disseram que olhar para o
alto segura as lágrimas. Puxa pra dentro, transforma em um resfolegar. Engole,
que vai passar.
Não é real.
Segura aqui, segura ali, fecha
uma porta e desmorona. Agora é real. Respira, que já passou. Joga uma água,
veja o olhar detonado te olhando esperançoso. Não dá, não. Tem hora ainda. Puxa
pra dentro. Endireita essas costas, menina. Controla essa marchinha
incontrolável aí dentro do seu peito. Abre a porta, que ainda nem é meio-dia.
Queixo para cima, um passo, outro passo. Olha o efeito. Confiança em cada
andar, lembra? Senta, cruza essas pernas. Postura corporal, fica de olho. Não é
real. Nada disso é real. Ninguém percebe? Olhe as pessoas nos olhos. Ninguém
percebe? Grite socorro. Ninguém percebe. Grite em silêncio.
Segure as palavras, antes de
falar. Pese-as. Pronuncie-as sem tremer. Pronuncie-as, sem temer. Ninguém percebe.
E a vontade de se esconder – esconda. Ninguém sabe. Ninguém precisa. Não é
real. Nada é. Ninguém é.
Máscaras, máscaras o
tempo todo.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
O amor...
O Amor, queridos.
Dizem uns o problema, dizem outros a solução. E nessa o mundo vai sacolejando, pendulando, girando em círculos. As gerações vão aprendendo a desaprender, desapegar e se perder. Copiando os mesmos erros, papagaiando as mesmas bobagens. Ah, o Amor. Criatura incompreendida, confusa, com síndrome de Fernando Pessoa.
Talvez a incompreensão resida no viés da interpretação. Ninguém é capaz de definir o que é, mas e se definirmos o que não é? Uma coisa é a prova de seu oposto: um oposto é a prova de sua coisa.
Mas e se o amor for a própria oposição do Amor? Sua própria contradição? Hoje pedra, amanhã pena. Hoje pena e pedra, amanhã pedra e pena. Se o amor é fogo e brisa, a temperatura ambiente é isenta de amor?
Estaria pensando eu, pobre tola!, naquele amor que não desiste, que não foge, não abandona? Mas se o amor exige a fuga, estarei eu desamando ao escolher ficar?
E se o Amor se parte, e um amor se vai, o que fazer com o amor que fica?
Talvez não. A contradição não ilumina as definições desse amor, mas ainda resta um. Resta o Amor dos olhos. A persiana solidária que deveria permanecer sempre fechada, desviando a atenção de nosso ponto central e cobrindo nosso olhar com bandagens de seda. Talvez, pobre tola!, eu acredite que esse Amor seja a chave.
Pobre Amor! Deve ser tão difícil ser a chave quando o mundo tem preguiça de destrancar a porta...!
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Dreamer
José nunca se considerou um cara
de sorte. Seus pais morreram num acidente, depois ele se apaixonou por Maria,
que parecia estar com ele só por causa das drogas que ele lhe arranjava. Quando
finalmente ele pensou que ela poderia amá-lo e que, talvez, só talvez, eles tivessem
alguma chance... santa hipocrisia do destino, Maria também é arrancada de sua
vida e transformada numa triste e inalcançável lembrança.
Uma briga de gangues, tiros, e é
o fim da história de amor de José.
José nunca pensou que seria tão
fácil esquecer, mas ele esqueceu. Graças ao choque, José perdeu as lembranças e
pôde continuar a sua vida pacata e sozinha. Ele melhorou suas notas, parou de
usar drogas, voltou a viver. Sua irmã, Elena, não poderia estar mais orgulhosa.
Só que José não se sentia feliz.
As lembranças se foram, mas elas deixaram um vazio tão grande que não o
impediam de notar que alguma coisa estava errada.
José se sentia sozinho.
Então José conheceu Vitória, a
garota irritantemente simpática que não saía de seu pé. No princípio, José não
se interessou, mas acabou vendo-se envolvido na história toda, e de repente lá
estava ele, apaixonado por uma segunda problemática garota em seus curtos 15
anos de vida. Lá estava José, sendo trocado por um cara mais velho, mais
experiente, mais imbecil.
Mas José sempre foi otimista, um
sonhador. Mesmo quando tentou se matar com aqueles comprimidos de Elena, as
tristes lembranças de Vitória, a garota que lhe deixou, ainda vivas em seu
coração, pensando que estaria se encaminhando para uma vida imortal - o segredo
após a morte, o grande desafio! - ele tinha planos, tinha sonhos, tinha
otimismo.
Infelizmente o destino aprontou
com ele de novo, e ao invés do grande desafio, José acordou no hospital. José
já disse que não se considerava um cara de sorte?
Agora ele não tinha Vitória, e
era um suicida. E sua irmã também não estava falando com ele, porque estava
muito, muito decepcionada. José nunca esteve tão sozinho.
Qual não foi a surpresa de José
ao perceber-se tão próximo de Hope, a melhor amiga de sua irmã, que estava
tentando intermediar. José se perguntou como nunca notara o quanto ela era
interessante, e o quanto os dois pareciam se entender. Imaginou que Hope
estaria igualmente confusa com aquela relação de repente tão íntima, e estava
preparado para lutar por ela e convencê-la. Não seria a primeira vez. Idade não
era um problema para José, uma vez que seus sentimentos sempre tiveram um peso
maior em seu coração do que o número de anos vividos. E Hope era… era especial.
José tinha certeza de que, com ela, tudo seria diferente dessa vez.
Não era atoa que José era um
sonhador.
Ele passou a mochila pelos
ombros, rindo torto, sem acreditar. Não era possível.
Era absurdo demais que isso estivesse acontecendo logo com ele, logo agora. De novo.
Lançou um último olhar para a
mesa onde Hope e aquele cara novo – qual era mesmo o nome dele? Lucas? Lucio? Luke?
José não fazia ideia – conversavam como se fizesse muito tempo que se
conheciam. Sentiu uma queimação na garganta, um solavanco em suas entranhas. Hope
parecia à vontade com ele. Hope estava se divertindo e Hope sequer olhava em
sua direção. Mas José a tinha convidado para sair, era um encontro!
Não era?
Talvez tivesse sido um erro
pensar que Hope e ele pudessem seguir o mesmo caminho. Talvez ele devesse
continuar sozinho.
Talvez José fosse apenas um
sonhador exagerado. Talvez ele devesse parar de sonhar.
Deu as costas e se foi.
I'm just a dreamer
I dream my life
away, today
I'm just a dreamer
Who dreams of
better days, oh yeah
I'm just a dreamer
Who's searching
for the way, today
I'm just a dreamer
Dreaming my life
away, oh yeah yeah yeah
(Texto adaptado, sendo publicado inicialmente como uma fanfiction songfic de Jeremy, de The Vampire Diaries)
Nasci(TOR)mento
Conheço gente com vontades estranhas, mas sou a única que tem vontade de se esconder embaixo dos móveis, acho.
Em posição fetal e com o dedo na boca, até o mundo acabar e ser seguro sair.
Já posso sair?
Em posição fetal e com o dedo na boca, até o mundo acabar e ser seguro sair.
Já posso sair?
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
30 de Março
30 de março, apenas um pedido: que Deus me abençoe para que eu possa ter humildade, e nunca me achar superior ou julgar alguém menos capaz.
Que eu saiba reconhecer que algumas pessoas vão ter sucesso naquilo que eu fracassei - ou que não cheguei a tentar, por medo de fracassar.
Que eu saiba nunca duvidar do potencial de uma pessoa - especialmente se for alguém próximo, que respeita a minha opinião. Preciso acreditar em quem acredita em mim.
E que eu saiba também, Senhor, deixar para lá quando alguém tentar impor uma superioridade sobre mim. Que eu seja humilde a ponto de saber que essa superioridade técnica pode realmente existir, mas que eu seja corajosa o suficiente para deixar para lá e continuar acreditando no meu potencial. Investindo em mim. Abraçando as minhas oportunidades.
Porque, afinal, eu sei que não nenhum limite quando há a disposição de ser melhor, de chegar mais longe, de surpreender.
Que eu feche meus olhos e meus ouvidos para o que é boicote, e que eu saiba reconhecer uma crítica que visa meu crescimento. Da mesma forma, que eu perca a voz quando a tentação for puxar para baixo; que eu seja escada, e ajude a subir. Para cima, sempre.
Amém.
Que eu saiba reconhecer que algumas pessoas vão ter sucesso naquilo que eu fracassei - ou que não cheguei a tentar, por medo de fracassar.
Que eu saiba nunca duvidar do potencial de uma pessoa - especialmente se for alguém próximo, que respeita a minha opinião. Preciso acreditar em quem acredita em mim.
E que eu saiba também, Senhor, deixar para lá quando alguém tentar impor uma superioridade sobre mim. Que eu seja humilde a ponto de saber que essa superioridade técnica pode realmente existir, mas que eu seja corajosa o suficiente para deixar para lá e continuar acreditando no meu potencial. Investindo em mim. Abraçando as minhas oportunidades.
Porque, afinal, eu sei que não nenhum limite quando há a disposição de ser melhor, de chegar mais longe, de surpreender.
Que eu feche meus olhos e meus ouvidos para o que é boicote, e que eu saiba reconhecer uma crítica que visa meu crescimento. Da mesma forma, que eu perca a voz quando a tentação for puxar para baixo; que eu seja escada, e ajude a subir. Para cima, sempre.
Amém.
Almoço solitário
Hoje eu vi um casal. Não sei se eles brigavam, terminavam, ou se alguém estava passando mal. Eles se olhavam, mas havia tensão. Ela tinha uma expressão sofrida, os olhos inquietos. Os dele estavam parados. Fixos nela. Tinha algo. Parei de comer e encarei, não pude evitar. Tinha algo. Era importante, eu sabia. Tinha algo. A qualquer momento alguém se levantaria, daria as costa, não olharia para trás. Seria ele? Achei que seria ela. Eu testemunharia, então, um momento que mudaria a vida de duas pessoas para sempre. Talvez um dia eles se reencontrassem, fizessem as pazes, tivessem netos. Eu? Eu nunca ficaria sabendo. Carregaria para sempre aquele olhar. Aquela tensão. O momento raro em que os dedos se abrem lentamente e, feito a brisa suave de um tímido pôr-do sol, a joia rara e bem protegida que é o amor se esvai feito areia fina.
Meu coração palpitava, esperando. A qualquer momento. Stalker sem intenção, mas sem coragem de desviar o olhar. De repente, ele se levantou. Seria ele, então? Mas parou na frente dela, que não hesitou em aceitar a mão oferecida. Ela fez uma careta, comentou algo, ele concordou, e eles se foram. Juntos, porém separados. Percebi, então, que não tinha algo. Não tinha algo. Não tinham algo.
Era o algo o que eles não tinham.
Meu coração palpitava, esperando. A qualquer momento. Stalker sem intenção, mas sem coragem de desviar o olhar. De repente, ele se levantou. Seria ele, então? Mas parou na frente dela, que não hesitou em aceitar a mão oferecida. Ela fez uma careta, comentou algo, ele concordou, e eles se foram. Juntos, porém separados. Percebi, então, que não tinha algo. Não tinha algo. Não tinham algo.
Era o algo o que eles não tinham.
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