José nunca se considerou um cara
de sorte. Seus pais morreram num acidente, depois ele se apaixonou por Maria,
que parecia estar com ele só por causa das drogas que ele lhe arranjava. Quando
finalmente ele pensou que ela poderia amá-lo e que, talvez, só talvez, eles tivessem
alguma chance... santa hipocrisia do destino, Maria também é arrancada de sua
vida e transformada numa triste e inalcançável lembrança.
Uma briga de gangues, tiros, e é
o fim da história de amor de José.
José nunca pensou que seria tão
fácil esquecer, mas ele esqueceu. Graças ao choque, José perdeu as lembranças e
pôde continuar a sua vida pacata e sozinha. Ele melhorou suas notas, parou de
usar drogas, voltou a viver. Sua irmã, Elena, não poderia estar mais orgulhosa.
Só que José não se sentia feliz.
As lembranças se foram, mas elas deixaram um vazio tão grande que não o
impediam de notar que alguma coisa estava errada.
José se sentia sozinho.
Então José conheceu Vitória, a
garota irritantemente simpática que não saía de seu pé. No princípio, José não
se interessou, mas acabou vendo-se envolvido na história toda, e de repente lá
estava ele, apaixonado por uma segunda problemática garota em seus curtos 15
anos de vida. Lá estava José, sendo trocado por um cara mais velho, mais
experiente, mais imbecil.
Mas José sempre foi otimista, um
sonhador. Mesmo quando tentou se matar com aqueles comprimidos de Elena, as
tristes lembranças de Vitória, a garota que lhe deixou, ainda vivas em seu
coração, pensando que estaria se encaminhando para uma vida imortal - o segredo
após a morte, o grande desafio! - ele tinha planos, tinha sonhos, tinha
otimismo.
Infelizmente o destino aprontou
com ele de novo, e ao invés do grande desafio, José acordou no hospital. José
já disse que não se considerava um cara de sorte?
Agora ele não tinha Vitória, e
era um suicida. E sua irmã também não estava falando com ele, porque estava
muito, muito decepcionada. José nunca esteve tão sozinho.
Qual não foi a surpresa de José
ao perceber-se tão próximo de Hope, a melhor amiga de sua irmã, que estava
tentando intermediar. José se perguntou como nunca notara o quanto ela era
interessante, e o quanto os dois pareciam se entender. Imaginou que Hope
estaria igualmente confusa com aquela relação de repente tão íntima, e estava
preparado para lutar por ela e convencê-la. Não seria a primeira vez. Idade não
era um problema para José, uma vez que seus sentimentos sempre tiveram um peso
maior em seu coração do que o número de anos vividos. E Hope era… era especial.
José tinha certeza de que, com ela, tudo seria diferente dessa vez.
Não era atoa que José era um
sonhador.
Ele passou a mochila pelos
ombros, rindo torto, sem acreditar. Não era possível.
Era absurdo demais que isso estivesse acontecendo logo com ele, logo agora. De novo.
Lançou um último olhar para a
mesa onde Hope e aquele cara novo – qual era mesmo o nome dele? Lucas? Lucio? Luke?
José não fazia ideia – conversavam como se fizesse muito tempo que se
conheciam. Sentiu uma queimação na garganta, um solavanco em suas entranhas. Hope
parecia à vontade com ele. Hope estava se divertindo e Hope sequer olhava em
sua direção. Mas José a tinha convidado para sair, era um encontro!
Não era?
Talvez tivesse sido um erro
pensar que Hope e ele pudessem seguir o mesmo caminho. Talvez ele devesse
continuar sozinho.
Talvez José fosse apenas um
sonhador exagerado. Talvez ele devesse parar de sonhar.
Deu as costas e se foi.
I'm just a dreamer
I dream my life
away, today
I'm just a dreamer
Who dreams of
better days, oh yeah
I'm just a dreamer
Who's searching
for the way, today
I'm just a dreamer
Dreaming my life
away, oh yeah yeah yeah
(Texto adaptado, sendo publicado inicialmente como uma fanfiction songfic de Jeremy, de The Vampire Diaries)
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