quarta-feira, 11 de março de 2009

Carta-Oração

Olá, Senhor. Aqui, quem está entrando em contato é a Paula. Aquela garota chorona que sempre te procura quando precisa curar um buraco no peito que ninugém sequer compreende. É a garotinha que já faz algum tempo não tem te procurado e tem seguido a vida sem nem memso lhe dizer um "olá, ou desejar um bom dia.

Sei que deveria estar fazerndo isso de outra forma, com os joelhos no chão, os olhinhos fechados e as mãozinhas unidas, como mamãe me ensinou há - quanto tempo será que faz? Já nem me lembro. Decidi escrever porque é a maneira mais fácil de expressar o que sinto, conversar contigo através do dom que o Senhor mesmo me deu... Aliás... Preciso chamá-lo de Senhor? Vejo-o como uma criatura sublime com um manto dourado e uma luz ofuscante que me impede de me aproximar e me intimida ao usar este título. Porém, preciso daquela sua outra imagem pra poder desabafar sem nenhum receio, ser sinsero contigo ao menos uma vez em tanto tempo...! Com todo respeito, me dirigirei a ti como papai. O papai cujos braços quentes estão abertos para me acolher mesmo depois de ter feito uma arte que o decepcionou.

Sou eu, papai. A filha que sempre lhe cobra pelos sonhos que não se realiza. A filhinhasempre tão frágil que lhe pede forças para não sucumbir ao invés de te agradecer por ainda não tê-lo feito. A garota que diz que seu coração está aberto para recebê-lo, mas que sempre o fecha quando esse momento chega.

Sou eu, papai. Eu que estou aqui, nesta carta-oração, porque esperou tanto tempo pra correr pro seus braços que já não tem mais coragem de encarar uma conversa de verdade. Embora nunca tenha sido uma conversa, porque eu sempre falei, mas nunca o escutei.

E papai, eu sei que você tem tano o que fazer! Sei que seu trabalho de olhar pelo mundo requer muito do seu esforço e tempo; por isso não quero atrapalhar. Queria apenas que soubesse o quanto meu coração está doendo e que em momento algum o culpei por isso.

Sou uma criança ainda aprendendo. Faço tanta arte, papai! E tenho tanta vergonha da maioria delas! Eu tento fingir que nada acontece, mas eu sei que você sempre vai saber. Um pai sabe quando o filho esconde algo e o conhece. Você sempre soube, papai. Já quis me repreender. Já me mostrou o certo e o errado, e no fim do dia já me cobria e contava uma história pra dormir. Mesmo sabendo que no dia seguinte eu aprontaria outra vez.

Eu já lhe desapontei, papai. Esse é um dos motivos que estou aqui. Quero lhe fazer um apelo.

Eu queria que não desistisse de mim. Não me expulse de casa. Eu ainda tenho um coração solidário. Nem tudo está perdido. O filho pródigo busca um lugar no amor do pai. A ovelha desagarrada quer reencontrar o rebanho.

Não deixe que eu me perca. Não me abandone mesmo se parecer que eu desejo que o faça. Não me deixe só. Perdão pelas mágoas, perdão pela arte, perdão pela dor que eu já causei. Só preciso que me aceite de volta. Aceito o meu amor por ti. Porque eu te amo.

Quero voltar a deitar-me entre seus braços quentes e adormecer enquanto cantas minha canção de ninar. Quero seus braços ao meu redor enquanto o buraco no meu coração vai se restaurando. Quero sentir a esperança voltar a crescer sobre a desilusão.

Quero voltar a acreditar nos sonhos. Voltar a acreditar no amor.

E nunca mais me esquecer de ti.

Amém.

Um comentário:

Unknown disse...

Paula achei de mais seu blog,suas reflexoes sao muito parecidas com as minhas,mais ...eu nao consigo colocar no papel.Admiro esse Dom,por que issu realmente é um Dom parabens pelas palavras perfeitas,por conseguir expressar seus sentimentos Fica com Deus bjOs By:Jéssica Hellen