sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Carta de um jornalista amargurado ( II )

Carta de um jornalista amargurado II ( se vc não leu a um, desse um pouquinho e lê a de baixo antes)


Prezado leitor;

Aqui estou eu novamente; carente, incompreendido, sonhador... Trago-vos uma notícia trágica como as que estão acostumados a ver aqui: Se tivesse o direito à uma manchete, esta seria:

"Um acidente no trânsito quase leva um rapaz e o coração de uma jovem."

Uma jovem que ama, que sente, que sofre.

Meus amigos, todos vocês sabem o quanto o trânsito é perigoso e como trajédias como essa são comuns. Sabem quantas vidas são perdidas por descuidos. Entendem como é necessário a segurança e atenção.Mas não sabem, não entendem, não imaginam o quando dói no peito de quem ama. De quem sente.

De quem sofre.

Meu querido leitor, por ser meu amigo, talvez compreenda. Talvez sinta, talvez saiba. Talvez imagine.

Talvez.

Mas, sem dúvida, não compreende, não sente, não sabe, nem imagina o que é ter o coração apertado a ponto de querer que tudo se apague, que a escuridão se faça em seus olhos e os braços macios e aconchegantes de um sono profundo e sem volta venha te abraçar e te levar a um novo lugar, a um novo mundo.

Um mundo que não tenha lágrimas, que não tenha dor, que arranque os seus receios e te abençõe com o fim.Tudo para que a consciência não desperte, para que a realidade não caía sobre a sua cabeça e você seja obrigado a compreender que sua fonte de vida não derrama mais uma gota de água para você.

Que aquele buraco em seu coração vai continuar aberto por não ter alguém que se dedique a fechar.

Que não há ninguém para lhe dar o colo que precisa, afagar os seus cabelos, dizer e repetir apenas que tudo vai ficar bem, porque simplesmetne os olhos se fecham pra você quando precisam enxergar a solidão nos seus.

Que por mais que tente, por mais que espere, ninguém pularia na sua frente se um Voldemort lhe apontasse a varinha. Chorariam, depois, talvez, por alguém que nunca conheceram o bastante para saberem da dos que lhe corroía e daquelas lágrimas que sempre manchavam o seu travesseiro na calada da noite. Pegariam um lenço, deixariam uma rosa, dariam meia-volta e seguiriam suas vidas. Sua presença, sua imagem, seus ideais aos poucos seriam enterrados juntos com o seu corpo. E seu nome, o seu eu se tornaria uma lenda. Apenas alguém que existiu.

A realidade dói. E não há dor maior do que saber que todo o carinho que você dá, que todo o amor que você demonstrou por toda a sua vida, não lhe é retribuído na hora que você mais precisa. Que você não importa tanto para aqueles que lhe são importantes. Que você não é tão amado quando ama. Que a sua dor não comove.

E que nas horas mais obscuras da sua vida alguém vai te abandonar e, surpresa! Ninguém mais era do que aquela que você tanto amava!
O que fazer nessas horas? Chorar? Sim, você vai chorar.

Sofrer? Sim, você vai sofrer.

Erguer a cabeça e continuar seguindo? Se tiver ajuda, pode conseguir.

Olhe no espelho e repita o que sempre dizemos:

"Vai passar, vai melhorar, vou superar."

Repita por horas a fio e, quem sabe, você pode acabar se convencendo.

E nunca deixe-se sucumbir a dor, pois um dia você supera.

Você sempre supera.

11/02/2008

Paula Renata Milani.

paula_renata_milani@hotmail.com

Srta. Mily.

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