Vou escrever uma carta pra você.
Nela eu vou dizer o quanto te quero, porque não consigo dizer pessoalmente. Meus olhos lhe diriam sem precisar das palavras, mas você não tem olhado-os por tempo suficiente. Eu entendo, porque afinal você tem muitas preocupações e pouco tempo a perder. Não tem importância. Eu os abaixo e guardo comigo até o momento em que essas preocupações deixarem você e você poder observá-los com atenção; lê-los e compreendê-los.
Vou dizer na carta o que senti quando te vi pela primeira vez; aquela sensação querer e não poder, você já teve? Foi impossível não ficar te olhando. Você é tudo o que eu sempre quis, tudo que eu sempre procurei. Mas eu não podia. Seu coração já não tinha mais espaço. Ele estava ocupado. Então obriguei o meu a se calar.
Nessa carta, revelarei o quanto tremo ao chegar perto de você. Você já reparou? Eu não consigo dizer mais que duas palavras sem engasgar, sem ajeitar os cabelos para trás por não saber o que fazer com as mãos. Não. Não acho que você tenha notado, porque enquanto meu coração chorava com saudade de algo que nunca teve, o seu fazia planos de um futuro a dois. Com alguém que não era eu.
Vou dizer nessa carta, sem hesitar, o quanto isso me feriu por dentro. E que aquele sorriso que eu te dei foi para deixar você saber o quanto mexia comigo. Só saber.
Você não precisava me dizer nada, ou fazer nada. Você só precisava ouvir porque eu precisava dizer. E a gente terminaria aí se você quisesse, e ficaria tudo bem. Mas o que deixou meus lábios foi apenas um “bom dia”, porque eu era covarde demais para enfrentar a rejeição.
Mas eu vou contar na carta que eu ainda fiquei te olhando quando você me deu as costas, imaginando se você conseguira ouvir o meu coração bater forte. Imaginando se você conseguira perceber.
Você nunca percebeu. E eu me conformei. Porque de novo, você tinha muitas preocupações para se importar.
Além disso, já que é pra ser sincera, tenho que dizer que nunca alimentei esse sentimento dentro de mim. Você nunca seria meu. Nunca seria uma possibilidade. Não queria me magoar outra vez, então eu apenas... Apenas deixei passar. Ficou aqui, guardadinho no meu peito, reprimido, todo o amor que eu podia te dar. Todo o carinho. Toda a chance de te fazer um homem feliz.
Mas você já era feliz. Eu não era necessária. Eu só podia assistir.
Até o momento em que eu soube que seu coração estava, finalmente, livre. Ah...! Você não imagina o que eu senti! Esperança, remorso, medo, insegurança, remorso outra vez... Porque afinal você estava livre, mas deveria estar sofrendo... Eu não podia ficar feliz por isso. Então me senti mal.
E tão confusa...
Então bateu a realidade. Do que adiantava? Você sozinho não era o mesmo que você me dando uma chance. Você sozinho era só um você triste e desiludido, e meu coração não é tão egoísta. Meu coração quer você feliz. Ele gostaria de fazer você feliz, mas ele se conforma que você esteja, mesmo não sendo com a ajuda dele. Mas você não está, e eu não tenho a chance de fazer você ficar porque seus olhos ainda não perceberam o que há nos meus. Agora você está ainda mais preocupado, então... eu entendo. Eu juro que entendo. E está tudo bem. Sério.
E talvez seja por achar que você sempre vai ter uma distração um pouco maior para perceber minhas mãos suando quando você chega perto de mim, que me motivou a escrever uma carta.
Vou escrever uma carta. Nela vou dizer tudo isso. Vou dizer que eu olho pra você esperando que você esteja bem, que eu quero dizer um “sou louca por você” quando digo um “bom dia”. Que eu quero tanto você que faz com que eu me iluda que você, um dia, sentirá o mesmo por mim, e ao mesmo tempo sei e temo o momento que você saberá e me dirá que em seu coração não há espaço para amar alguém da maneira que eu preciso ser amada. Porque eu preciso, mais do que sou capaz de expressar. Eu preciso de amor, e eu queria que fosse o seu amor. E eu preciso te dizer isso. Eu preciso te contar isso. É por isso que eu vou escrever.
Vou escrever uma carta pra você.
Uma carta para nunca entregar.
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