terça-feira, 27 de março de 2012

Reencontrar

                  Gosto de tudo que é Re. Tudo que é dobrado, multiplicado e aumentado.

      O Re é um encontro casual de sensações.  E melhor que um encontro casual, só mesmo um reencontro.

      Acho que o Re é igual um coração de mãe. Tanta coisa cabe no Re. Cabe saudade. Cabe nostalgia. Cabe a sensação de um passado que existiu além das fotografias. Cabe um sorriso mais amplo no rosto pelo resto do dia. E tudo em duas letrinhas!

      Ultimamente tenho reencontrado tanta gente. Gente que eu não queria ver, gente que eu não queria ter que reencontrar, mas encontrar, já que o Re também pode significar uma segunda tentativa porque a primeira falhou. Gente que engordou, gente que envelheceu, gente que mudou. Criou espinhas, criou umas rugas, criou até alguns filhos. Gente de tudo quanto é tipo, de todo quanto é tamanho. Gente que sabe o que quer, gente que ainda não se decidiu. Gente que trabalha e estuda, e gente que ainda tem vida social.

      Reencontrei uma professora do fundamental que diz se lembrar de mim. Reencontrei gente que já me ajudou muito, e que hoje não ajuda mais. Reencontrei gente que não me ajudava, e que hoje já mudou de ideia. Reencontrei um amigo que virou namorado que virou ex e virou amigo de novo tão depressa que eu mal tive tempo de contar por quantos Res nós passamos. Reencontrei um amor que me fez reapaixonar. Rebateu meu coração revezes mais reápido. Reconfundiu meus rensamentos, reilusões e reesperanças. Re, re, re. Refez minhas dúvidas. Re. Lembranças. Re, Re. Avivou, conquistou. Re, confundiu. Expectativas. Meus planejares, meus contas de faz. Re. Bagunçou.

      Reencontrei amigos, reencontrei os ex amigos e reamigos. Reencontrei o passado, o presente, e reencontrei também os vestígios do futuro, que se refaz a toda hora. Reencontrei o amor.

       Só não reencontrei o juízo, porque preciso encontrá-lo primeiro.

domingo, 18 de março de 2012

A gente acostuma

E não é porque a gente entende, que a gente deixa de sentir. Não, não. A gente respeita. A gente dá espaço. A gente finge que não dói, a gente finge que está tudo bem desse jeito. A gente finge que esperar não incomoda, não inquieta, não desespera... Mas a verdade é que a gente se reprime, a gente se omite, a gente se resigna. Mas a gente sente, sim. A gente sofre, sim. A gente quer o que não pode ter; o que não está disponível. A gente ama.

Mas a gente sorri e diz que não. Que está tudo bem. Que dá pra segurar. Porque é isso que a gente faz.  A gente segura firme que é pra não perder o juízo, pra não perder a esperança, e pra não acabar se perdendo no caminho da gente.